O MORTO E A MÁQUINA

Texto Fernando Villas-Boas
Encenação Bruno Bravo
Interpretação Anabela Brígida, Ana Brandão, Bruno Simões, Gonçalo Amorim, Peter Michael, Rafaela Santos, Ricardo Neves de Neves e Sérgio Praia
Música Sérgio Delgado
Luz Zé Manuel Rodrigues
Direcção de Produção Mafalda Gouveia
Assistente de Produção Catarina Mascarenhas
Assistente de encenação Ricardo Neves Neves

Estreia Teatro da Trindade – sala estúdio, 16 de Setembro de 2006

Entre as visões apocalípticas de um sem-abrigo nas ruas de agora e a catástrofe autêntica de uma missão espacial do futuro que perdeu todo o sentido, o teatro explora as banalidades e as angústias autênticas que fazem a ficção científica.

ERVA VERMELHA

adaptação teatral da obra de Boris Vian

Tradução José Carlos Rodrigues
Encenação e adaptação Cristina Carvalhal
Realização plástica António Jorge Gonçalves
Interpretação Ana Lúcia Palminha, António Jorge Gonçalves, Flávia Gusmão, Pedro Carmo, Pedro Lacerda, Sara Cipriano e Tiago Mateus.

Estreia Teatro da Trindade – sala estúdio, 13 de Outubro de 2006


Wolf ama Lil e vice-versa. Para Wolf a vida é vazia e nem por isso triste, para Lil um corolário.
Folavril ama Saphir Lazuli e vice-versa.
Folavril não pensa, simplesmente vive e é doce. Saphir, para quem a vida é transcendente e impossível de qualificar, é amigo de Wolf.

Wolf construiu uma máquina do tempo para perceber onde é que aquilo começara. O tédio. Mas as sucessivas viagens no tempo apagam as recordações. Sem elas, poderá Wolf continuar a existir?

Esta é a história de um homem decepcionado, um cão velho que mia, uma máquina do tempo, um Uapiti que se deixa caçar, e outras dezassete personagens com diferentes ideias sobre o que é a felicidade.
Sob um céu demasiado baixo, uma solução que nos estralhaça vale mais do que qualquer incerteza?

A mulher, o cão, o amigo, a namorada do amigo, o Plouk, o bairro das amorosas, o negro que dança. Não pode ser só isto. A vida.

“Não se vive impunemente sem daí retirar o gosto fácil por uma certa ordem aparente. E nada mais fácil que tornarmos esse gosto extensível ao que nos rodeia” – diz Wolf, o protagonista desta história, que acusa os seus mestres de o terem feito pensar que podia existir um dia, algures, uma ordem ideal.
Mas se, como afirma Sartre, a existência precede a essência, o único universo que existe é o da subjectividade humana. O eu está condenado a essa indeterminação.
Seis actores e um desenhador em tempo real trazem para cena o universo de Boris Vian numa textura de vozes, imagens e sons.

TIMBUKTU

a partir de Paul Auster

Encenação Sandra Faleiro
Adaptação Emília Costa
Interpretação André Levy, Cristina Carvalhal, Rogério Vieira

Estreia Teatro da Trindade – sala estúdio, 11 de Novembro de 2006


A vida errante de Mr. Bones, cão de raça indefinida, de peculiar inteligência e sensibilidade, confidente e psicólogo da natureza humana; e de seu dono Willy, vagabundo, poeta, discípulo do Pai Natal, pregador do Bem; até ao derradeiro destino: Timbuktu – o Paraíso das Almas.
Uma história sobre o abandono dos seres vivos que nunca deveria acontecer.

Rogério Vieira

Nunca tive um cão. E portanto nunca acreditei muito nisso de que os cães tinham alma. Depois de ler o Timbuktu nunca mais olhei para um cão da mesma forma, é verdade, mas algo mais tinha mudado. E este espectáculo teve um efeito semelhante em mim, relativamente ao teatro, não me quero esquecer da essência deste processo.

Cristina Carvalhal

Como chegar ao mais profundo e incomunicável do nosso ser? Ultrapassar os nossos sonhos e demónios, devaneios e desilusões, ódios e amores, e chegar ao mais genuíno e puro da nossa interioridade? Talvez na entrega ao processo de ensaio, numa sala despojada, munidos de um texto rico, entre o desafio e protecção de companheiros de viagem. Ou numa brincadeira com uma criança. Um passeio com um cão. O seu olhar atento penetra-nos por vezes como uma agulha. Não admira. Há 100 mil anos quando a nossa espécie saiu de África, talvez de Timbuktu, e iniciou a sua migração pelos continentes do mundo, ao seu lado já estava esse companheiro de viagem, o cão.

André Levy

E, assim, de repente, de um dia para o outro, onde não havia mais do que uma ideia, uma vaga proposta, de repente, de um dia para o outro, surgiu um texto para teatro, um conjunto de actores, uma voz nas palavras escritas, um movimento nos corpos, um som musical, uma luz nos projectores, uma encenação. E, assim, de repente, de um dia para o outro, de uma ideia, de uma vaga proposta, surgiu o espectáculo.
Um homem, um cão, um homem e o seu cão, a mãe e a antiga professora. Três actores, um espaço cénico despojado, e a grandiosidade de um homem que não passa de um vagabundo.
Quando um homem é demasiado grandioso para o mundo que o rodeia se calhar é inevitável ter de partir. Para Timbuktu. Morrer não é nada do outro mundo.

Emília Costa